Em tempos de pandemia de Covid-19, outra ameaça nos aflige silenciosamente, desta vez não é um vírus ou bactéria, mas a ideia de algo que possa atingir em vulnerabilidade, atingindo o senso de segurança. O trauma é como um inimigo invisível, que causa medo, pavor e que às vezes até me paralisa diante da vida. O que seria tão terrível quanto isso tudo que estamos vivendo?
O excesso de informações criam um alarde, cada notícia abala, acompanhar quem morreu, quem está entubado, quem está sem trabalho ou passando por dificuldades financeira, a espera da vacina, medo da doença, da morte, da instabilidade.. As incertezas de futuro não só nos trazem ansiedade, pois entendemos que não conseguimos controlar nada na vida, como também não nos dá possibilidade de fugir ou agir diante de tudo isso que cria a constante sensação de impotência angustiada.
Não saber como resolver e não poder fazer nada é tão aterrorizante quanto ser realmente atacada por algo. Esse clima de alerta constante e a paralisia diante da vida são também sintomas de trauma.
O trauma, antes de tudo, é corporal. É a partir das sensações de tensão, angústia, confusão mental, problemas de memória, perda de contato com a realidade, paralisia motora entre outros sintomas é que podemos perceber que algo não está bem conosco.
O mais interessante é saber que podemos ter um trauma sem necessariamente ter vivido algo traumático, ou seja, acompanhar alguém em sofrimento é um fator de risco de trauma por compaixão ou ver o noticiário pode também nos conectar através da empatia com o sofrimento do outro. E na medida em que vivemos também a dor do outro podemos viver o seu trauma tanto quanto ou mais que ele próprio.
Nem tudo de ruim que acontece conosco é uma garantia de trauma, por isso chamamos de evento traumatogênico, ou seja, passível de traumatizar, porém, tudo depende da capacidade humana de resiliência, palavrinha nova que tem entrado em voga e que pode explicar o motivo pelo qual algumas pessoas superam situações inóspitas e altamente traumatogênicas.
Resiliência
A resiliência é nossa capacidade de adaptabilidade a problemas, obstáculos, choque, estresse entre outras situações altamente desafiadoras. A pessoa resiliente consegue administrar as suas emoções, controlar seus impulsos, fazer análise do ambiente, ser otimista, ter empatia e acreditar em si mesma diante de situações de tensão.
Como se tornar resiliente?
Esse é um trabalho pessoal, onde a pessoa precisa desenvolver a inteligência emocional e para isso, a ajuda profissional se faz relevante para aumentar as chances de sucesso.
O que fazer quando se perceber com sintomas de trauma?
Procurar o acompanhamento psicoterápico e psiquiátrico a fim de controlar os sintomas e aprender como lidar com eles em situações de crise. É importante saber que toda essa situação vai passar, mas se perceber que algo ainda se mantém fora do lugar apesar de todos os seus esforços, é importante buscar ajuda especializada para superar as dificuldades e retomar a vida de maneira livre e vibrante.
Colunista do Mês: Psicóloga Rafaela de Abreu Crisóstomo – CRP 02/24028
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