Perda e Luto: Como identificar e buscar ajuda

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Quando uma pessoa morre, em média 9 pessoas sofrem com o luto. Com a pandemia do coronavírus, o Brasil perdeu aproximadamente 480 mil pessoas decorrente da COVID-19, com isso, temos em torno de 4 milhões de pessoas enlutadas. Porém, ao falar de perda e luto, não estamos necessariamente falando somente sobre a morte. A pandemia nos mostrou isso também, onde pessoas tiveram perdas e lutos sem terem necessariamente perdido alguém para o vírus.

O que é perda e o que é o luto? São a mesma coisa?

Não, não são a mesma coisa. A perda está relacionada com tudo o que é perdido em sua vida, desde algo material sem importância, um emprego dos sonhos, fim de um relacionamento ou morte de uma pessoa querida. Isso significa que todas essas perdas irão gerar um luto? Não, nem tudo irá gerar um luto.

O luto está relacionado com a perda e é um processo doloroso, porém normal, pelo qual precisamos passar para recomeçar aquilo que amamos. É considerado um processo, ou seja, trata-se de uma fase de transição que não irá durar para sempre. A recuperação demanda tempo, atenção e esforço.

É preciso entender que o luto é um processo solitário, individual e cheio de altos e baixos. As pessoas enlutadas comentam que há dias melhores e outros piores, sendo isso parte do processo do luto.

Quais são as reações comuns que um enlutado sente no processo do luto?

• Reações físicas: respiração curta e falta de ar, boca seca, dor física, gemidos, tensão muscular, menor resistência a enfermidades, hipertensão arterial, alteração do sono (falta ou excesso), perda da força física.
• Reações emocionais: choque, negação, desespero, tristeza, sensação de estar perdido, falta de paz interior, confusão, culpa, falta de esperança, raiva, irritação, euforia, sensação de abandono, vingança, rancor, ressentimento. Alguns enlutados sentem inveja daqueles que não estão vivenciando o luto.
• Reações comportamentais: busca constante da pessoa morta, falta de concentração, desorientação, preocupação, busca de solidão, apatia, choro, agitação e esquecimento de fatos corriqueiros.
• Reações sociais: afastamento das pessoas (amigos, colegas de trabalho, parentes), dificuldade de interagir com o outro e perda de interesse pelo mundo externo.
• Reações espirituais: alguns enlutados se afastam da religião, perdendo a fé ou, ao contrário, se aproximam de Deus, ficam numa busca constante para tentar compreender a perda.

Nenhuma reação é pior ou melhor que a outra. Uma pessoa não é fraca porque chorou demais, e se chorou pouco não significa que sentiu menos a perda. Cada pessoa expressa sua dor de formas diferentes, não havendo sentimentos certos e errados.

Existem formas de minimizar o luto?

A pessoa enlutada precisa verbalizar palavras de pesar. Ou seja, é necessário falar da dor da perda, isto é, expressar livremente os sentimentos quando perdemos aquilo que amamos.

É mais comum esse expressar quando é o fim de um relacionamento, a pessoa que está sofrendo fica lembrando e falando sobre o tempo bom, as coisas boas que foram vividas, trazendo somente o que tinha de positivo na relação. Quando o luto é por morte, o mais comum é o enlutado se retrair, não querer falar da sua dor, muitas vezes não querer lembrar da pessoa que faleceu para assim esconder seu sofrimento. Acreditam que o quanto menos falar e lembrar, menor será a dor, o luto.

A dor do luto é universal e é importante entrar em contato com a sua dor, mesmo que todos em volta exijam uma recuperação rápida. Para a elaboração do luto é importante que seja sentido a dor da perda, desolação e sofrimento.

É importante não apressar a recuperação somente porque as pessoas querem. Quanto mais significativa for a perda, maior será a dor.

Alguns sinais de alerta que o enlutado mostra e quais são necessários ter ajuda profissional.

• Pensamentos suicidas persistentes por mais de dois meses após uma perda significativa.
• Abuso de substâncias – de calmantes ou comprimidos para dormir a álcool e outras drogas.
• Depressão constante, histórico de depressão ou de qualquer outro transtorno de saúde mental.
• Sentimentos excessivos de culpa e raiva, persistência de luto intenso, sempre descontrolado ou tenso, e negação contínua da realidade da perda.
• Perdas consecutivas
• Apoio familiar nulo ou insuficiente
• Episódios de pânico.
• Sintomas físicos de duração prolongada.

É preciso ficar de olho nesses sinais, pois podem variar de pessoa para pessoa e é possível sentir outros sinais que não estão listados. A psicoterapia, em alguns casos, pode ser necessária para uma elaboração do luto.

Caso você tenha alguns desses sinais ou esteja com dificuldade passar pelo luto, entre em contato com um psicólogo.

Colunista do Mês: Psicóloga Priscila Lima – CRP: 11/08558

Instagram: @psi.priscilalima

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