Novas formas de amar: relacionamentos abertos

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Aprendemos na formação em Psicologia que o conceito de Amor não é o mesmo desde que o mundo é mundo, aliás, essa ideia do Amor Romântico teve início no século XII.

Desde pequenas, ouvimos nas histórias, novelas e principalmente nos contos de fadas que um relacionamento “feliz” é composto de um casal, geralmente homem e mulher, a princípio, e, depois de um tempo, sua linda prole, fruto do amor desses dois personagens. O grande lance é que quem disse que esse modelo de relacionamento e família é o correto, não imaginou que os tempos mudam e com ele, o conceito de Amor e família também…

Vez por outra chega o tema relacionamento no consultório, e como ele o sofrimento das pessoas que não conseguem corresponder aos modelos familiares impostos pela sociedade. Novas propostas surgem como alternativa para lidar com o hibridismo dos novos tempos, e atualmente vivemos a mistura do amor romântico com sua ideia de casal heteronormativo, monogâmico com o amor líquido, sem compromisso, livre de preconceitos e fluido, citado pelo sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman em sua teoria de tempos líquidos.

Esse hibridismo convida os casais da atualidade a flexibilizar a relação, a ideia é manter um relacionamento estruturado em um eixo de dois principais e ao mesmo tempo, abrir mão da monogamia, podendo outras pessoas serem incluídas na relação como coadjuvantes, por exemplo: Virar um trisal ou um pessoa fazer parte por curto de tempo, num afã de experimentação do desejo sexual, sem de fato estabelecer uma relação mais séria. Assim, temos como vantagens a permissão dos componentes para essa abertura, evitando as temíveis traições, o fortalecimento da relação baseada no diálogo e acordos claros, estabelecimento de uma relação com confiança mútua e um desapego da posse do corpo do outro como objeto de exclusividade.

Observo esse fenômeno com bastante cautela, visto que, os casais de seus 30 e poucos anos para cima foram criados em um outro sistema de crenças e é comum perceber um certo despreparo quando decidem abrir a relação sem ao menos fazer profundas reflexões das possíveis complicações advindas desse modelo de relacionamento e estabelecimento de regras claras. As desvantagens desse modelo é que o outro pode se envolver romanticamente com o terceiro componente, fazendo deste um personagem principal, renegando o outro a um papel secundário, podendo abalar a confiança do parceiro original.

Quando a abertura da relação surge de um relacionamento desgastado, pode fragilizar ainda mais a relação, visto que, pode trazer instabilidades emocionais, inseguranças , dando lugar a fantasias de separação, suscitando mágoas e o ciúme pode minar os acordos prévios.

Quando um paciente chega querendo discutir essa possibilidade, precisamos refletir juntos quais os prós e contras e se esses sujeitos têm estrutura psíquica para lidar com essa situação e suas possíveis complicações, pois é um modelo de Amor livre e com isso exige que o sujeito também o seja intimamente.

Texto: Rafaela de Abreu A. C. Crisóstomo (CRP : 02/24028) – Psicóloga Clínica

Instagram: @rafaeladeabreu.psi

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