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Correr, produzir, trabalhar, ficar sem tempo, correr, correr, correr…

E de repente, um vírus que nos faz olhar pra dentro, seja objetivamente estando em nossas casas, seja subjetivamente, nos fazendo pensar e refletir sobre nossa existência. Um vírus que nos obriga a parar, a acalmar, a não pensar no futuro, a viver o presente, mostrando pra gente o que realmente importa na nossa vida: estar junto, poder abraçar e beijar as pessoas que amamos, ter o básico pra sobrevivência, ter liberdade, muito simples! Já ouviram falar na frase que “só valoriza quando perde?” Esse vírus está mostrando tudo isso pra gente da forma mais dolorosa possível: depois que perdemos.

Um vírus que nos obriga a olhar para o outro, a trabalhar em equipe, que obriga toda a sociedade a se unir. De forma trágica somos obrigados a compreender que não existe distinção entre pobre, rico, negro, branco, poderoso. O vírus nos mostra que somos todos iguais! Egoísmo? Capitalismo? Poder? Com o vírus nada disso tem relevância. E o mais importante, ele nos mostra que não vivemos sozinhos, ele nos mostra a importância do outro em nossas vidas. Precisamos aceitar que dependemos uns dos outros, que não somos “essa coisa toda” e está tudo bem!

A natureza ah, a natureza! Ela estava pedindo socorro e a gente não ouviu, agora somos nós que pedimos socorro e precisamos torcer para ela nos ouvir. Fico vendo as notícias do quanto as cidades, as praias, as ruas estão mais limpas, bonitas, animais reaparecendo onde parecia não existir mais esperança. O planeta respira novamente porque estamos dentro de nossas casas. Que alegria e que tristeza! Agora somos nós que precisamos respirar.

O planeta traz todo recurso para nossa sobrevivência, não nos falta nada e mesmo assim não estamos satisfeitos. Enquanto o ser humano não aprender a conviver de forma saudável com a natureza e consequentemente com essa insatisfação, não existirá essa relação.

É um momento em que precisamos parar de olhar para fora e olhar pra dentro, para nossas angústias, para nossos medos, para nossos limites. Quando escuto pessoas dizendo que estão com dificuldades de ficar em casa, é isso que escuto: dificuldades de entrar em contato consigo mesmo, com os próprios sentimentos. Porque é um teste mesmo, um teste de superação: quanto tempo você consegue conviver olhando para sua falta? Sim, te falta liberdade, te falta trabalho, te falta dinheiro, te falta presença humana, te falta carinho físico, te falta… Estamos sendo obrigados a olhar para nossa falta. Você pode ter dinheiro, poder, amigos, família, trabalho, você pode ter tudo mas a falta sempre vai existir. E o quanto dói olhar pra ela, por isso vivemos sempre ocupados, sem tempo, trabalhando, correndo, correndo, correndo…

 Que vírus! Que lição! Sim, precisamos aprender a lição para continuarmos nesse planeta. Enquanto isso não acontecer, mais pessoas vão morrer a cada dia. Ainda existe esperança, ainda…

Texto: Eduarda Ferrari – Psicóloga Clínica (CRP: 02/17.312)

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