Saúde mental nas universidades

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Que o avanço da tecnologia gera aceleração da sociedade, que busca cada vez mais acompanhar esse processo, nós já sabemos. Mas pesquisas mostram que o número de jovens universitários que procura acompanhamento psicológico cresce cada vez mais. Uma pesquisa divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em 2016, 30% dos alunos de instituições federais do Brasil procuraram atendimento psicológico dois anos antes, e mais 10% fizeram uso de algum medicamento psiquiátrico.

Alguns fatores podem explicar o aumento de sofrimento psíquico e transtorno mental na vida desses jovens, porém é importante lembrar que, nenhum é a causa isolada do problema. A dificuldade do mercado de trabalho é um fator que aumenta as cobranças que existem na atividade profissional, fazendo com que cheguem nas universidades. Além disso, a competitividade é muito forte nesse período, os jovens estão sempre tentando bolsas de estudo, vagas de estágio e intercâmbios, por exemplo.

O caminho para a formação profissional é competitivo e as crianças aprendem isso desde cedo, acreditam que precisam prosperar rapidamente. Conjuntamente, elas não aprender a lidar com esse ambiente competitivo ficando inseguras para lidar com cobranças. Como consequência dessa competitividade, o conjunto de alunos perde força e dificilmente se organiza para enfrentar esse momento de forma coletiva, onde os jovens possam se ajudar.

Muitos adolescentes que estão nas universidades passaram por um vestibular concorrido, para isso precisaram estudar bastante, se privando de muitas coisas e abrindo mão de uma vida equilibrada. No momento que chegam na universidade, é como se “caísse a ficha” disso e surge o questionamento se realmente valeu a pena.

O que pode acontecer também com alguns jovens universitários é a perda de referências. Muitos mudam de cidade para poder cursar a graduação, outros passam de alunos “nota 10” para alunos medianos, sentindo dificuldades em lidar com essa mudança.

O sofrimento e o intenso período de estudos fazem parte da vida de um universitário, porém, o fato de ser estressante ou desprazeroso não é o problema. Se o jovem tem um objetivo e se aquilo faz sentido para a vida dele, é mais fácil passar por essa dificuldade. Se a pessoa está em uma carreira que não faz sentido, não tem como lidar com a carga emocional que esse período exige.

Incentivar a colaboração e solidariedade entre os alunos é uma forma de minimizar esses sintomas, evitando mecanismo excessivamente competitivos na rotina universitária. É importante estimular os jovens a se ajudarem entre si, pois estão passando juntos pela mesma fase. Esse apoio pode ser crucial pra evitar o surgimento de sofrimento psíquico nesse período.

Texto: Eduarda Ferrari (CRP: 02/17.312) – Psicóloga Clínica e Orientadora Profissional

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