Um olhar psicológico sobre a timidez

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A timidez é um fenômeno comum que define formas de constrangimento que a pessoa pode sentir na presença de outras. Nem sempre causa grandes problemas, sendo muitas vezes uma forma de proteção. O sujeito necessita de um tempo para se adaptar a uma nova situação, ambiente ou pessoa, por isso, normalmente a ansiedade diminui com a repetição dos eventos. A timidez não faz parte do CID-10 (Classificação Internacional de Doenças) e nem do DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), por isso, não é considerada doença nem transtorno mental.

Mas, quando a timidez passa a ser algo prejudicial? Quando seu nível é tão alto que o indivíduo evita trocas sociais, fazendo com que ele perca oportunidades tanto nos relacionamentos quanto profissionalmente. Embora não seja doença, pode desencadear várias consequências, podendo levar a complicações psicológicas, depressão e abuso de substâncias tóxicas.

Em grande parte dos casos mais complexos, as pessoas apresentam sintomas físicos (somatizações) como palpitações, calor ou frio pelo corpo, sudorese, sensação de sufocamento, tremor, rigidez muscular, gagueira ou perda da fala momentaneamente, dores musculares e até mesmo alto nível de estresse, ansiedade, nervosismo e vergonha. Do ponto de vista psicológico, o tímido se sente paralisado, por isso, é visto como uma pessoa que não expõe ou expõe pouco seus pensamentos, sentimentos e emoções.

Como muitos fenômenos psicológicos a timidez tem sua raiz em causas multifatoriais, desde a carga genética, educação familiar, experiências negativas no âmbito social, cultura, autoimagem corporal à crenças pessoais que remetem ao sentimento de inadequação social, insegurança ou até mesmo fobia social. Pesquisas mostram que muitas pessoas apontam como causa fatores familiares, que incluem, relação pais e filhos, atitude superprotetora, excessivamente severa dos pais ou ausência deles, violência familiar, divórcio dos pais. Em alguns casos surgiram o sentimento de inadequação e insegurança no plano sociocultural e em outros, problemas físicos reais ou imaginários, como acne ou obesidade. É importante avaliar cada caso de forma singular para encontrar o que causa esse afastamento e inibição na troca relacional.

Quando a timidez chega no ponto em que o indivíduo apresenta grandes sofrimentos e começa a se isolar cada vez mais, um tratamento psicológico e, em alguns casos psiquiátrico, é indicado. Como forma de prevenção, ao se observar uma criança ou jovem com dificuldades de relacionamento e expressão social que se prolongam por mais de alguns meses, é interessante buscar uma psicoterapia para avaliar e orientar a situação junto dos pais ou responsáveis.

Texto: Eduarda Ferrari (CRP: 02/17.312) – Psicóloga Clínica e Orientadora Profissional

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