Suicídio: precisamos falar sobre esse tema

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Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) ocorrem mais de 800 mil suicídios no mundo a cada ano. No Brasil, são mais de 11 mil casos anualmente. A partir desses dados, observamos a necessidade de se falar sobre esse tema com o foco de diminuir o número de casos.

O suicídio é uma questão de saúde pública e não deve ser atribuído a uma única causa, pois trata-se do resultado de uma série de fatores na vida daquela pessoa. Os jovens formam um dos principais grupos de vulnerabilidade, porém, estudos revelam que o maior índice de suicídio estão nos idosos, principalmente os que possuem doença crônica, incapacitantes, e que por conta da idade, perde amigos e familiares.

Existe uma cartilha informativa chamada “Suicídio: informações para prevenir”, produzida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que diz que existem dois fatores de risco principais. O primeiro são pessoas que possuem doença mental e o segundo são aquelas pessoas que já tentaram tirar a própria vida.

Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, dependência de drogas, alcoolismo, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Existem ainda alguns fatores desencadeantes, como desesperança, impulsividade, isolamento social e falta de um sentido na vida.

Na grande maioria dos casos é possível perceber os sinais de risco identificando a progressão que conduz desde o pensamento até a efetivação do suicídio. É possível interromper esse processo com tratamento médico e psicológico. Os familiares podem e devem conversar sobre o assunto com o intuito de observar em que fase o paciente pode estar. Os sinais de alerta incluem falar sobre o suicídio, ausência ou abandono de planos futuros, isolamento, grandes mudanças de humor, ter atitudes arriscadas. Os sinais nem sempre são claros e podem variar de uma pessoa para outra.

Você já ouviu falar em Efeito Werther? Após a publicação do livro “Os sofrimentos do jovem Werther” do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, em 1774, vários jovens começaram a imitar o personagem principal. No romance, Werther tira a própria vida com uma pistola depois da rejeição da mulher que ele amava, e logo após sua publicação começaram a existir relatos de que jovens eram encontrados sem vida vestindo roupas semelhantes às do personagem ou, ainda, com um exemplar do livro em mãos. Por isso o termo “Efeito Werther” que se refere ao aumento do número de suicídios após um suicídio amplamente divulgado.

Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e aqui no Brasil revelam que a série “Os 13 porquês” possui uma influência negativa na vida dos jovens. Na pesquisa brasileira realizada pelos pesquisadores do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, foram analisadas respostas de 21.062 adolescentes para entender até que ponto a série pode ter influenciado o pensamento e comportamento desses jovens. Vários jovens passaram a pensar em suicídio após assistir a série. Além disso, a série não mostra uma saída para quem está passando por esse problema, o que aumenta mais ainda o sentimento de desesperança nas pessoas que pensam em suicídio.

O tratamento inclui intervenção medicamentosa e acompanhamento psicológico. É fundamental o paciente ter um espaço seguro para falar de si, seus sentimentos e emoções. Em muitos casos, o paciente encontra-se resistente ao tratamento, pois não possui mais esperança. Um amigo ou familiar pode orientar o paciente a buscar ajuda, mostrando para ele que existe saída para esse sofrimento. Caso necessário, essa pessoa pode acompanha-lo no tratamento, nas consultas e se mostrando disponível para ajudá-lo.

Uma das maiores barreiras para o suicídio é o fato de ainda ser um tabu. Por razões religiosas, culturais e morais, esse ato foi visto por muito tempo como um pecado e motivo de vergonha para os parentes daqueles que tiraram a própria vida. Para combater o problema é preciso falar sobre o assunto de forma transparente. Informações sobre prevenção, tratamento, como buscar ajudar e como ajudar pessoas com ideação suicida, são fundamentais para a sociedade de forma geral. Além disso, é importante os profissionais da saúde saberem como lidar com esses casos. É possível perceber que as pessoas não possuem um ambiente seguro para falar sobre seus pensamentos e sentimentos, fazendo com que tomem decisões para acabar com a dor.

                Texto: Eduarda Ferrari (CRP: 02/17.312) – Psicóloga Clínica e Orientadora Profissional

1 Comment

  1. Curso Online disse:

    Sou a Marina Almeida, gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor parabéns nota 10 gostei muito.

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