O Estádio do Espelho – Jacques Lacan

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Texto feito por mim baseado na teoria de Jacques Lacan:

É no Estádio do Espelho que acontece a constituição do eu. Durante esse período ocorre a aquisição da unidade funcional do corpo, antes mesmo que haja a utilização da linguagem. Antes do estádio do espelho, o bebê percebe sua imagem como despedaçada e é através da identificação com o Outro (nesse caso, a mãe é para o bebê um pequeno outro servindo de grande Outro) que ele apreenderá a forma global de seu corpo.

O ser humano não sobrevive sem ajuda exterior, devido à prematuridade normal de todo bebê em boa saúde nascido de uma gravidez sem problemas, diferentemente de outros animais. Alguns animais já nascem prontos para a vida, os bebês nascem prematuros e os genitores são obrigados a cuidar deles durante um tempo variável para assegurar sua sobrevivência, isso é chamado de comportamento de couvade. A prematuridade normal exige ajuda de um semelhante. Na ausência desse semelhante, a expectativa de vida é de quatro a cinco horas, dependendo da temperatura do ambiente. Foi feito um estudo, onde crianças eram apenas alimentadas e viviam sem ajuda desse semelhante, elas sobreviveram em média até 8 anos de idade, apenas. No caso das crianças lobos, que também passam pelo estádio do espelho, se identificaram com o lobo e por este não ser um semelhante (mesma espécie, ser falante, próximo prestativo, que sirva de suporte à identificação especular), elas não passaram pelo processo de humanização. Um próximo prestativo, significa que seja um sujeito que singulariza o bebê, que faça ele ter um lugar no mundo a partir do seu desejo.

A criança não distingue quem é ela e quem é o outro, há uma confusão entre o eu e o outro, um eu que ainda está se constituindo (transitivismo). Antes de afirmar sua identidade, o eu se confunde com a imagem no espelho (função materna), que o forma, mas que o aliena primordialmente. Essa alienação ocorre da seguinte maneira: O desejo do bebê é o desejo de ser desejado, dessa forma, ele se faz olhar pelo outro, ou seja, ele possui o desejo de ser objeto. Pode-se explicar que não há dois desejos, há apenas o desejo da mãe.

O Estádio do Espelho, baseia-se na ideia de que o eu se constrói primeiramente a partir do outro, ou melhor dizendo, a partir da imagem que lhe é devolvida pelo semelhante. O bebê é marcado pelo olhar do outro e se identifica com esse olhar, que pode ser uma boa ou má imagem. Todos nós aprendemos a reconhecer o nosso corpo e nosso desejo através do outro. Antes mesmo de possuir o domínio sobre sua unidade corporal, a criança, através de uma identificação com a imagem do semelhante, se reconhece como capaz, é como se ele pensasse: “se ele é capaz, eu também sou”. Ou seja, o sujeito toma consciência do seu corpo como totalidade antes mesmo de integrar efetivamente suas funções motoras.

O Estádio do Espelho permite, a partir da imagem corporal, que a criança estabeleça uma diferença entre o seu corpo e o mundo exterior. Esse processo permite a ela deixar de ver uma imagem de corpo fragmentada, e passar a reconhecer sua totalidade no espelho (ortopédica), constituindo assim a sua subjetividade.

Eduarda Ferrari – Psicóloga Clínica – CRP: 02/17.312

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